Aulas suspensas, pais trabalhando em casa. O momento de isolamento social imposto pelo coronavírus mudou completamente a rotina de todos, pede serenidade, tranquilidade e criatividade, sobretudo no ambiente doméstico.
As crianças e jovens, muito mais que os adultos, estão sendo desafiados a superar a completa mudança da rotina. Não podem mais ir à escola, brincar na rua, encontrar os amigos, nem mesmo o almoço de domingo na casa da avó está podendo acontecer.
Essa mudança brusca pode gerar tristeza, angústia e incompreensão. É hora de respirar, adotar todas as medidas de prevenção estipuladas pelos órgãos competentes de saúde e exercer o cuidado consigo e com o outro.
Irmã Maria, monja da Ordem Graça Misericórdia e missionária da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), coordenadora dos projetos de arte-educação para crianças e jovens migrantes venezuelanos abrigados pela Missão Roraima, explica como algumas práticas da Pedagogia de Emergência podem contribuir para a compreensão e vivência deste momento. “A pandemia pode ser um fator traumático, pois quebra a noção de continuidade nos processos psicológicos dos sujeitos, sejam crianças, jovens ou adultos. E é por isso que se torna muito importante trabalhar o vínculo afetivo entre familiares e amigos. O fortalecimento dos vínculos gera segurança emocional e mental”, reforça.
Fotos de atividades de de arte-educação na Missão Roraima, tiradas antes do período de quarentena.
Brincadeira é coisa séria
Educadores e psicólogos, entre outros profissionais, afirmam a importância do brincar no desenvolvimento social, emocional e cognitivo das crianças. No entanto, algumas pessoas pensam que essa atividade se restringe às crianças, quando, na verdade, os adultos podem, e devem, participar desse universo.
Para a monja, esse momento de isolamento pode se tornar uma oportunidade para que os pais reforcem os vínculos com seus filhos, seja acompanhando-os em atividades escolares intelectivas ou em brincadeiras e contação de histórias.
“Pais que criam esse vínculo com os filhos potencializam o seu desenvolvimento psíquico-emocional e sua autoestima”, diz. “Crianças e jovens que realizam atividades simples, como limpeza de casa, do quintal, ou exercem atividades variadas que não se limitem ao computador, desenvolvem muito mais a capacidade cognitiva e melhores relações sociais”, exemplifica.
O missionário da Fraternidade – Humanitária (FFHI), Anderson, um dos fomentadores dos projetos de Pedagogia de Emergência nas missões humanitárias desenvolvidas pela organização, aponta que “deve-se buscar ferramentas e expressões extremamente simples, lúdicas e didáticas. Isto é ainda mais importante neste tempo em que todo o Planeta passa por uma situação de emergência, que deve ser vista como uma grande oportunidade de aprendizagem, mudança de práticas e valores por parte de toda a humanidade.”
Art-education activities for immigrant children and youths in the shelters.
Algumas dicas de brincadeiras que promovem a criatividade, o aprendizado e, ao mesmo tempo, ajudam a manter crianças e jovens ocupados e alegres dentro de casa:
- Sessões de cinema em família
- Ouvir música, cantar e dançar(mas em um volume aceitável, que não incomode os vizinhos)
- Jogos de mímica e adivinhações
- Resgate de danças e cantigas de roda
- Brincar de cabana: um lençol e cadeiras são suficientes e podem entreter por muito tempo crianças e adultos
- Detetive e bandido
- Quem sou?adivinhação de personagens da história– existe um aplicativo que pode ser baixado no celular
- Brincadeiras com sombraspodem ser utilizadas as mãos, colheres, panelas, copos plásticos, objetos da casa, lanterna do celular– cria-se histórias e personagens que levam ao mundo da imaginação (qualquer faixa etária, já que até os adultos brincam)
- Caça ao tesouro:pode-se esconder em algum espaço dentro ou fora de casa, algo interessante, como um objeto, um pacote de biscoito ou qualquer brinquedo, e durante a brincadeira colocar pistas em vários lugares que levarão ao local do tesouro