O Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino destaca a importância da participação das mulheres no âmbito empresarial, ressaltando como suas ações podem gerar liberdade econômica e pessoal. Esse dia, celebrado em 19 de novembro, é uma ocasião especial para valorizar o papel protagônico das mulheres, especialmente em contextos vulneráveis, onde o empreendedorismo se torna uma ferramenta fundamental para a autonomia.
Essa abordagem se reflete nas várias iniciativas desenvolvidas por organizações como a Fraternidade – Missões Humanitárias Internacionais (FMHI) que, por meio do Centro Cultural e de Formação Indígena (CCFI) e em parceria com a Associação de Migrantes Indígenas de Roraima (AMIR), Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) e agências internacionais como a ONU Mulheres e o Fundo Canadá para Iniciativas Locais (FCIL).
“A mulher indígena latino-americana foi empreendedora durante toda a sua vida. A visibilidade que o Dia do Empreendedorismo Feminino pode proporcionar é uma oportunidade para que as instituições reconheçam sua capacidade e resiliência a partir de uma perspectiva sincera e respeitosa”, diz Andrea Gutiérrez, servidora humanitária voluntária da Fraternidade – Missões Humanitárias (FMHI).
Capacitação para a Autonomia
Em 2023 e 2024, foram realizados vários cursos de capacitação gratuitos em áreas como confecção, panificação, empreendedorismo, corte de cabelo e costura. Esses cursos não visavam apenas transferir habilidades técnicas, mas também empoderar economicamente as mulheres indígenas, especialmente mulheres migrantes e refugiadas da Venezuela, Guiana e Brasil.
“O CCFI é um espaço protegido e seguro para as mulheres indígenas, onde elas podem expressar seus desejos e construir sonhos de forma espontânea”, menciona Andrea, enfatizando que ‘o CCFI atua como uma cápsula que permite que as participantes entrem e saiam livremente para continuar tecendo relacionamentos e transformação’.
O Curso de Empreendedorismo para Mulheres Indígenas é um exemplo dessa visão. Ministrado no CCFI, esse programa de dois dias proporcionou as ferramentas necessárias para a criação de planos de negócios, concentrando-se não apenas na teoria empresarial, mas também em como as participantes poderiam superar seus medos e fortalecer suas habilidades de comunicação. Esse curso também destacou a importância de formar sociedades empresariais dentro das comunidades, permitindo que as mulheres empreendedoras colaborem e se apoiem mutuamente.
Inclusão e Oportunidades Laborais
As iniciativas desenvolvidas pela equipe da Fraternidade – Missões Humanitárias (FMHI) e a parceria com o Fundo Canadá, que aconteceu no período de agosto de 2023 a fevereiro de 2024, também proporcionaram capacitação em várias áreas como padaria, serigrafia e auxiliar de cozinha. Essas atividades não apenas aprimoraram as habilidades profissionais dos participantes, mas também lhes forneceram ferramentas úteis para a inserção na sociedade e no mercado de trabalho brasileiro.
“Ao longo dos anos, as mulheres indígenas conseguiram incorporar linguagens e formas de expressão para se conectar com o mundo, mostrando de forma cada vez mais contundente a sua criatividade cotidiana”, enfatiza Andrea, acrescentando que essa criatividade demonstra a maternidade, o acolhimento e a solidariedade indígena.
Por exemplo, o curso de serigrafia permitiu que os migrantes indígenas expressassem sua criatividade por meio de técnicas modernas, enquanto o curso de padaria e auxiliar de cozinha capacitou as mulheres a ingressarem no setor gastronômico. Essas formações não apenas abrem portas no mercado de trabalho, mas também promovem a coesão comunitária e o desenvolvimento local por meio da criação de unidades produtivas gerenciadas pelas próprias comunidades.
De janeiro a novembro de 2024, a Fraternidade – Missões Humanitárias (FMHI) promoveu 284 participações de mulheres em atividades voltadas ao empreendedorismo feminino, como cursos e mentorias, além de apoiar e acompanhar 10 empreendimentos liderados por mulheres, incentivando seu crescimento econômico e autonomia.
Em parceria com o Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), realizou uma capacitação em quatro módulos, focada em empoderamento e ferramentas de trabalho, beneficiando 26 participantes com conhecimentos essenciais para desenvolver seus negócios.
Visibilidade e Impacto Social
O apoio das organizações parceiras da Fraternidade – Missões Humanitárias (FMHI) tem sido crucial para o fortalecimento intercultural e a inclusão socioeconômica das comunidades indígenas migrantes. Por meio de programas que incluem cursos de informática, português e comércio justo, homens e mulheres indígenas puderam melhorar suas perspectivas laborais e sociais e participar ativamente da economia da região.
“As atividades desenvolvidas no CCFI conectam ferramentas de marketing digital e modelos de negócios com a produção manual indígena, oferecendo oportunidades para que os produtos tradicionais sejam expostos a um público mais amplo”, diz Andrea, ressaltando que ‘isso se reflete no número crescente de mulheres que encabeçam propostas na feira intercultural indígena’.
Um Futuro Promissor
Graças a essas iniciativas, as mulheres indígenas migrantes e refugiadas estão superando barreiras históricas de exclusão e se tornando líderes empresariais em suas comunidades. Por meio de sua participação no empreendedorismo, elas não somente estão melhorando suas condições econômicas, como também redefinindo os papéis de gênero e demonstrando que o empreendedorismo é uma via poderosa para o empoderamento social e cultural.
“O mundo feminino indígena está sempre atento às necessidades e à complementaridade. As mulheres empreendedoras indígenas estão redefinindo seus papéis, demonstrando que o empoderamento vem de dentro, com uma visão de colaboração e apoio mútuo”, reflete Andrea.