“Flexibilidade”, palavra de ordem para quem atua em uma resposta humanitária, foi enfatizada por Ricardo Baumgartner, missionário matriz, durante o encontro promovido pela Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI) no dia 8 de janeiro.
A formação foi direcionada às equipes que atuam nos três abrigos sob a gestão da Fraternidade – Humanitária (FFHI) em Roraima e no Alojamento de Trânsito em Manaus (neste caso, por transmissão via internet), constituídas por voluntários, contratados, monges e colaboradores da Missão Roraima Humanitária.
“Quando estamos em uma resposta humanitária nem sempre podemos ficar rígidos naquilo que nos propusemos a fazer, ou seja, precisamos ser flexíveis para atender o que se precisa num determinado momento”, reforça Ricardo.
O objetivo do encontro foi o de integrar, atualizar e informar as equipes sobre o histórico das atuações da Fraternidade – Humanitária (FFHI) os seus valores e princípios, e como será a atuação em 2021 no contexto da pandemia.
“É muito importante, para quem está chegando ou já está atuando há mais tempo junto às missões da Fraternidade – Humanitária (FFHI) , apresentar os princípios e valores que se expressam em todos os âmbitos e contextos. Isso traz uma maior compreensão do porque estarmos sempre trabalhando em prol dos Reinos da Natureza, realizando um serviço abnegado, altruísta e desinteressado, que vai além do trabalho laboral”, conta Imer, missionário matriz.
O gerente administrativo da Missão Roraima, Marcelo Medeiros, acredita que conhecer mais sobre a trajetória de atuação da Fraternidade – Humanitária (FFHI) em diferentes missões, em diversos países, ajudou-o a compreender a atuação da organização. “Pudemos entender que todas essas missões ajudaram a preparar a Fraternidade – Humanitária (FFHI) a alcançar esse patamar de grande reconhecimento por parte de organismos nacionais e internacionais , como o ACNUR e o Exército Brasileiro”.
Os desafios que se apresentam para 2021
Com as mudanças na Missão Roraima, e o encerramento dos Abrigos Nova Canaã e Tancredo Neves, o foco da missão ficou direcionado exclusivamente às populações indígenas acolhidas nos Abrigos Pintolândia, Janokoida, e no recém aberto Abrigo Jardim Floresta.
O diretor regional da Missão Roraima Humanitária, Rafael Corbetta, afirma que um dos principais desafios para 2021 será buscar soluções duradouras que vão além do abrigamento. “Estamos buscando pontes para que essas pessoas possam reconstruir as suas vidas, principalmente aquelas que buscam inserir-se no mercado de trabalho no Brasil”, pontua.
Rafael também fala sobre a importância de se ter apresentado durante o encontro, a realidade dos indígenas venezuelanos que foram forçados a migrar, e também para se compreender as diferenças culturais das etnias Warao, E’ñepa, Karina e Pemon, que estão sendo abrigadas pela Fraternidade – Humanitária (FFHI).
“Cada etnia é um universo diferente, com sua a pluralidade e os seus diferentes aspectos religiosos, alimentares, de costumes e do artesanato”, destaca.
Fernando Fileno, antropólogo contratado para atuar diretamente com os povos indígenas, trouxe à equipe informações sobre a história, cultura, língua e costumes dos Warao e E’ñepa. Reforçou a importância de se conhecer as suas culturas para melhor atendê-los em suas especificidades: “somente compreendendo de fato o que essas populações querem, entendem sobre si e concebem essa experiência [de refúgio], que é possível oferecer-lhes uma atenção qualificada”.