Estudos de Casos – Oficinas Temáticas com Jovens Indígenas Venezuelanos em Roraima

Com o objetivo de estimular a inclusão e a capacitação dos jovens indígenas migrantes e refugiados venezuelanos acolhidos nos abrigos em Boa Vista, Roraima, os Setores de Intervenção da Fraternidade – Federação Humanitária Internacional (FFHI), por meio do Centro Cultural e de Formação Indígena (CCFI), organizaram diversas capacitações que foram ofertadas a este público, como padaria, costura, sapataria, música, carpintaria, informática e marcenaria. Neste Estudo de Caso você conhecerá três iniciativas — Comunicação, Confecção de Absorventes Ecológicos e Mosaico — realizadas entre 2020 e 2022.

Oficinas de Comunicação

 As oficinas de comunicação foram realizadas conjuntamente pelos Setores de Arte-Educação em Emergência e Comunicação. Foram desenvolvidas iniciativas de fotografiaaudiovisual e teoria da comunicação, orientadas especificamente a população adolescente migrante e refugiada, como opção para reconstruir suas narrativas de vida e mostrar que é possível recomeçar de forma digna e saudável.

Os resultados foram uma notória mudança de comportamento em cada participante, como se surpreendiam com eles mesmos, descobrindo o potencial que tinham para fotografar e aprender coisas novas. A maior aprendizagem das iniciativas em Comunicação foi ter conquistado o interesse dos jovens durante o transcurso das oficinas e obter deles também uma atitude participativa, conforme favoravelmente ilustram os dados indicadores colhidos no período das oficinas.

Oficinas Temáticas com Jovens

Oficina de Absorventes Ecológicos

O Projeto Piloto Eboma Tida – Oficina de Confecção de Absorventes Ecológicos surgiu da necessidade de criar um vínculo com meninas e adolescentes indígenas venezuelanas refugiadas para abordar e trabalhar um tema de relevância: a menstruação.

Sabe-se que a puberdade e a adolescência são fases de grandes mudanças físicas, psicológicas, comportamentais e sociais. Além disso, para as meninas e adolescentes refugiadas, essas mudanças se somam com suas experiências traumáticas vividas e sua situação atual de refúgio, colocando-as em situações de extrema vulnerabilidade.

 
O projeto objetivou:

  • promover bem-estar físico, mental, emocional e social;
  • dialogar sobre a menstruação, o autocuidado e a higiene;
  • trazer a reflexão sobre a sustentabilidade ambiental e os absorventes ecológicos;
  • conhecer o ciclo menstrual nas tradições indígenas e apresentar o tema desde o ponto de vista de outras culturas, bem como seus mitos e tabus;
  • incentivar as participantes a serem facilitadoras de outras oficinas;
  • oportunizar a experiência de confecção do absorvente com as próprias mãos.

 O trabalho foi desenvolvido entre 8 de julho e 11 de agosto de 2021 com meninas e adolescentes do Abrigo Nova Canaã, com idade entre 10 e 19 anos.

Oficina de Mosaico

O trabalho realizado com mosaico na Missão Roraima Humanitária, com jovens indígenas venezuelanos, foi desenvolvido considerando a necessidade de envolver os jovens em atividades que, além de auxiliar a inserção no Brasil, também lhes desse o apoio necessário no âmbito prático, alcançando inclusive a reorganização de níveis psicoemocionais – suporte essencial nessa fase da vida, de importantes transformações.

Visto que esta população indígena utiliza o artesanato como forma marcante de expressão, cultura e fonte de renda, surgiu a proposta de introduzir o conhecimento sobre mosaico através do Setor Arte-Educação em Emergência, que visou estimular valores e princípios essenciais no ser humano, ressignificar traumas, construir e fortalecer a resiliência e, ao mesmo tempo, auxiliar o público-alvo a ampliar as oportunidades de inserção no mercado de trabalho.

As atividades do mosaico foram introduzidas entre 16 de novembro e 11 de dezembro de 2021, com a participação de adolescentes e jovens entre 12 e 21 anos, do Abrigo Jardim Floresta.

Possa o compartilhamento dos desafios e lições aprendidas com estas iniciativas servir como impulso para a implementação de boas práticas que busquem estimular, em todo o mundo, o potencial e a resiliência de adolescentes e jovens que vivenciam contextos de emergência e crises humanitárias.