Carregar o bebê e até mesmo a criança já um pouco maior sempre junto ao corpo durante as tarefas da casa, o trabalho no campo e a confecção de marcantes peças artesanais. Não importa a atividade. Se for mãe, a criança está ali, parte inseparável do corpo dela o tempo todo, enrolada em um Duanakaja, ou carregador de bebês no bom português. É uma tradição, como ilustra o vídeo anexo.
Faz parte da cultura das indígenas venezuelanas da etnia Warao, incentivada pela Fraternidade – Federação Humanitária Internacional nos abrigos que administra em Roraima, onde boa parte da população que tem deixado a Venezuela por causa da crise político-econômica tem buscado refúgio.
Um dos focos principais do trabalho com as artesãs indígenas é valorizar a técnicas tradicionais que fazem parte de seu patrimônio cultural. Ao mesmo tempo, por causa das dificuldades de se encontrar soluções duradouras para que os indígenas tenham um meio de vida, o artesanato se apresenta como uma das possibilidades mais próxima de seus costumes, podendo ser um meio de subsistência para as famílias.
Nas Oficinas de Artesanato mantidas pela Fraternidade nos abrigos, as mulheres indígenas estão aprendendo a aprimorar o acabamento das peças e também a adaptá-las para uma maior aceitação no Brasil. Dessa maneira, podem obter renda para manterem suas famílias e, assim, recomeçar a vida.
A Fraternidade não participa da fase de comercialização do artesanato indígena, apenas trabalha nas oficinas para que as artesãs aperfeiçoem sua arte, manifestem e preservem suas culturas. Oficinas que são organizadas em parceria com o ACNUR – Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, que financia os materiais utilizados.
Mas vender ainda não é uma tarefa simples para as indígenas em refúgio , especialmente em Pacaraima, cidade na região da fronteira do Brasil com a Venezuela, muito distante dos principais centros consumidores de Roraima.
Por isso, no primeiro domingo cada mês, elas têm organizado uma feira de artesanato indígena para tentar escoar parte da produção. E tem uma peça mais linda e útil que a outra, elaboradas com muito esmero pelas indígenas para as mamães de todas as culturas que já são adeptas dos carregadores de bebês ou para aquelas que desejam manter ou resgatar essa proximidade com seus filhos, muitas vezes deixada de lado por causa das atribuições da vida moderna.
Se você se sensibiliza com a causa dos refugiados, colabore. A próxima Feira de Artesanato do grupo de artesãs do abrigo Janokoida, administrado pela Fraternidade em Pacaraima, Roraima, é no dia 2 de julho, das 9h às 16h, no Petrig – Posto de Triagem de Pacaraima, na Av. Panamericana s/n – Centro.